Eu sei que vou morrer…e me agrada saber que vou morrer. A vida tem início e tem fim. A finitude de um vai preencher os espaços vazios de outro. O Ser Humano inventou deuses porque não consegue entender a natureza e inventou alma e espírito porque não conhece as suas próprias conecções cerebrais. As suas experiências espirituais e visões coincidem com aquilo que ele deseja para si mesmo, ou seja, permanecer. Permanecer para sempre no estado mendicante em que se encontra, cultuando, louvando e glorificando a própria ignorância. Olhar a própria carne apodrecendo aos poucos e a pele enrugando e se desmanchando é para ele uma falha do seu deus, mesmo que não admita isto para si mesmo. Um Ser Perfeito que falha é inadmissível e então inventa-se que todo o mal é uma espécie de castigo merecido. A figura do Pai que castiga é tudo de bom. Ela representa e justifica o poder do tirano sobre o “pobre de espírito” e dá legitimidade às diferenças injustas de um em relação ao outro dentro da sociedade humana. O poder da vara e do chicote ainda é cultuado e os açoites no lombo do empedernido é algo justo. Satanás é o empedernido e açoitar Satanás é justo. Jesus nos ensina isto com muita clareza: “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites” Lucas 12:47. Jesus era Satanás para o sistema religioso e foi açoitado para que os servos aprendessem com ele a não reagir aos açoites. Reagir á injustiças não é digno e nem respeitável dentro da nossa sociedade. Deus existe para salvar pessoas como Barrabás e Jesus existe para que o “desmiolado” aprenda a carregar a sua cruz sem reclamar. Barrabás está no púlpito e os tolos na platéia.
Por Ana Burke
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